ATA DA CENTÉSIMA DÉCIMA SÉTIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEXTA LEGISLATURA, EM 28-11-2013.

 


Aos vinte e oito dias do mês de novembro do ano de dois mil e treze, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida pelos vereadores Airto Ferronato, Any Ortiz, Cassio Trogildo, Dr. Thiago, Guilherme Socias Villela, João Carlos Nedel, João Derly, Márcio Bins Ely, Mario Fraga, Paulinho Motorista, Paulo Brum e Professor Garcia. Constatada a existência de quórum, o senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os vereadores Alberto Kopittke, Alceu Brasinha, Delegado Cleiton, Elizandro Sabino, Idenir Cecchim, Lourdes Sprenger, Luiza Neves, Marcelo Sgarbossa, Mario Manfro, Mauro Pinheiro, Mônica Leal, Nereu D'Avila, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Sofia Cavedon, Tarciso Flecha Negra e Valter Nagelstein. À MESA, foi encaminhado o Projeto de Lei do Legislativo nº 349/13 (Processo nº 3117/13), de autoria do vereador Dr. Thiago. Do EXPEDIENTE, constaram Comunicados do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação do Ministério da Educação, emitidos no dia onze de novembro do corrente. A seguir, o senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, aos senhores Aloízio Pedersen e Alan Vinícios, da Associação Educacional Borghesi, que discorreu sobre o programa Arte-Inclusão – A reinserção social através das artes. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores Airto Ferronato, Tarciso Flecha Negra, Alberto Kopittke e Delegado Cleiton. Às quinze horas e dezessete minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e dezoito minutos. Em continuidade, foi iniciado o período de COMUNICAÇÕES, hoje destinado a assinalar o transcurso do septuagésimo aniversário de independência do Líbano, nos termos do Requerimento nº 193/13 (Processo nº 3148/13), de autoria da Mesa Diretora. Compuseram a MESA: o vereador Dr. Thiago, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o senhor Zilmar José Moussalle, Presidente da Sociedade Libanesa; o senhor Ricardo Malcon, Cônsul Honorário do Líbano; e o senhor Salim Sessim Paulo, representando o Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre. Em COMUNICAÇÕES, pronunciaram-se os vereadores Dr. Thiago e Idenir Cecchim, este em tempo cedido pelo vereador Nereu D'Avila. Após, o senhor Presidente convidou os vereadores a procederem, juntamente com o ex-vereador João Antonio Dib, à entrega de Diploma alusivo à presente solenidade ao senhor Zilmar José Moussalle, concedendo a palavra a Sua Senhoria, que agradeceu a homenagem prestada por este Legislativo. Às dezesseis horas e dois minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezesseis horas e quatro minutos. A seguir, foi aprovado Requerimento verbal formulado pelo vereador Idenir Cecchim, solicitando alteração na ordem dos trabalhos. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei Complementar do Executivo nos 015 e 016/13, os Projetos de Lei do Legislativo nos 300, 305, 307, 310, 320, 340, 345, 347, 348, 351, 352, 327 e 332/13, estes dois discutidos pela vereadora Any Ortiz, os Projeto de Lei do Executivo nos 043, 044, 045 e 046/13, o Projeto de Resolução nº 045/13; em 2ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 033/13, os Projetos de Lei do Legislativo nos 201, 302, 315, 321, 097, 262, 309 e 346/13, estes quatro discutidos pelo vereador Reginaldo Pujol, o Projeto de Lei do Executivo nº 041/13, o Projeto de Resolução nº 048/13. Após, o senhor Presidente concedeu a palavra ao senhor Luiz Osório Moro, do Grêmio Esportivo da Câmara de Porto Alegre – GECAPA –, que, juntamente com os vereadores Márcio Bins Ely e Dr. Thiago, procedeu à entrega da premiação referente ao Campeonato de Xadrez Taça Emanuel Lasker 2013, realizado por este Legislativo. Durante a Sessão, os vereadores Mario Fraga e Reginaldo Pujol manifestaram-se acerca de assuntos diversos. Às dezesseis horas e vinte e nove minutos, constatada a inexistência de quórum, o senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os senhores vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos vereadores Dr. Thiago, Nereu D'Avila e Márcio Bins Ely e secretariados pelo vereador João Carlos Nedel. Do que foi lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada pelos senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

A Tribuna Popular de hoje tratará de assunto relativo à reinserção social através das artes. O Sr. Aloízio Pedersen, representando a Associação Educacional Borghesi – AEB, está com a palavra, pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

O SR. ALOÍZIO PEDERSEN: Boa-tarde, é uma honra estar novamente aqui. Nós já estivemos aqui com o projeto Escola sem Violência, então, estou honrado de estar junto com o Presidente da Câmara, Ver. Dr. Thiago, com os Vereadores aqui presentes, com essa plateia que tem acompanhado o projeto, desde o Escola sem Violência e, agora, então, com o projeto Arte-inclusão.

A concessão desse espaço foi via Escola Borghesi, que tem acompanhado o trabalho da Escola sem Violência, do combate ao bullying, do combate à drogadição na escola pública e, há uns cinco, seis anos, ela tem tentado montar comigo um projeto de multiplicação desse projeto para professores, orientadores educacionais, psicólogos, assistentes sociais. E, agora, também, ela inclui o Arte-inclusão.

Então, estou aqui, de público, também pela Escola Borghesi, solicitando da Vereança de Porto Alegre uma força para que esse projeto seja multiplicado, já que a Escola Borghesi está se predispondo com o material, com as instalações, enfim, está tentando, juridicamente, transformar esse projeto numa realidade.

E, especificamente, apresentar o projeto, hoje, sobre a Arte-inclusão – a linguagem simbólica do desenho e da pintura como ferramenta de inclusão social. Inserir não é brincadeira! Inserção não se faz de conta. Inserção é uma coisa séria, muito pouco discutida neste País. Nós varremos para debaixo do tapete aquilo que a gente não quer ver, não quer ouvir, como se esses seres pudessem se prestar a isso, a ficar debaixo do tapete, e, depois, saírem dali melhores!

Arte-inclusão é isso! É estar debaixo do tapete e convidar a sociedade para ingressar embaixo desse tapete, para ver como são as condições em que uma sociedade deixa seus próprios elementos. E depois querem que, por um passe de mágica, aquelas criaturas que sempre estiveram à margem, se reintegrem de novo, se nunca foram integradas.

Essas pessoas, às vezes, elas nasceram perto da gente, no nosso bairro, e a gente nem viu! Às vezes, elas estiveram na nossa escola, mas eles eram os agressores, e todo o mundo os deixava de lado. Aí, eles começam a rodar, a repetir, a formar gangues, grupos de iguais, o que vai dar nessa calamidade impressionante que o Brasil está, desses apenados, desses presídios lotados, tanto os juvenis, quanto os de adulto.

O projeto vai direto na origem da questão, que é o indivíduo que recebe muito trauma na infância e fica lesionado na sua carga de neurônios, especialmente entre o neocórtex, que é a parte do racional, e a amígdala, que é a emocional. Isso se rompe, segundo Daniel Goleman, autor do livro Inteligência Emocional, isso mutila o indivíduo, justamente nessa inserção neural, e esse indivíduo passa a ver o mundo de uma forma mais agressiva do que realmente é. Ele tem uma visão distorcida por essa mutilação, mas o cérebro é plástico, e a arte é o caminho para agir dentro dessa plasticidade, porque a arte trabalha junto com a emoção e com a razão, as duas juntas.

Então, dessa forma é que esse projeto já está dando frutos legais. Eu, que trabalho há 35 anos com isso, estou impressionado com o que vocês vão ver aqui no espaço T e, depois, no Ana Terra. O trabalho sai do individual para o grupal – vamos montar uma tela em grupo no Ana Terra. E eu queria, então, rapidamente, passar para vocês o PowerPoint inicial desse projeto.

 

 (Procede-se à apresentação em PowerPoint.)

 

 O SR. ALOÍZIO PEDERSEN: “É através da arte que o indivíduo expressa a sua tendência à autorrealização e à autotranscendência. Expressando-se simbolicamente o indivíduo alivia-se de traumas e predispõe-se à aquisição de novas formas de comportamento” Esse indivíduo tem que ser amparado na sua emocionalidade. A escola não está preparada para isso, e é por isso que começam as repetências, as evasões escolares. A criança não é atendida no seu sofrimento psíquico, e alguém com sofrimento psíquico não está aberto para a aprendizagem. A escola tem que abraçar esse indivíduo, tem que acolher essa emocionalidade.

“Expressão simbolicamente alivia-se de traumas”. Perfeito, é isso aí. A criança, o adolescente tem que ter esse espaço, e a arte dá o simbólico para ele poder agir e se entender melhor. O que eles estão revelando, porque a oficina trabalha integralmente o indivíduo, é que, quando estamos na faculdade, todos os autores falam para o assistente social, para o educador, para o psicólogo trabalhar com o ser integral. Quem é que trabalha com o ser integral na escola?! O indivíduo é integral: ele não só pinta, mas escreve, se expressa com o todo, com a sua alma, com a sua emoção e com a sua razão.

“A oficina de hoje me trouxe mais fé. Eu estou acreditando mais em mim”. Claro, foi todo um trabalho de autoconsciência, ele se autoexpressou, se autorretratou. “Hoje, desenhei coisas difíceis de expressar, andei por uma estrada que não tem fim. Problemas ficaram em preto e branco. No meio da estrada, uma rosa. Sofrimento. Solidão”. E ele vai me dar uma rosa, depois, que ele pintou. Está aí a rosa. Observem o sofrimento desse indivíduo que sempre ficou à margem, para quem apontamos: “Tu és um lixo! Tu não vais sair dessa!” As instituições estão muito institucionalizadas, achando que o indivíduo é aquilo e que sempre será aquilo. Quem é que é aquilo e vai ser sempre aquilo? Nós somos desse jeito, a gente se transforma todos os dias. Ira, amor, conseguir trazer tudo à tona o meu desenho, essa é a maravilha da Arte, é esse o espaço da ira, esse é o espaço da arma, esse é o espaço da agressão. Aí ele alivia o trauma. Por isso que tem que acolher esse indivíduo com os traumas que ele tem.

 

(Procede-se à apresentação de PowerPoint.)

 

O SR. ALOÍZIO PEDERSEN: Eu fui para a FASE em busca daquele Aloízio que não teve o pai que eu tive, daquele Aloízio que não teve a escola que eu tive, daquele Aloízio que não viveu numa classe média, mesmo pobre, nas circunstâncias em que eu vivi com a minha família, meus irmãos, com meu pai maravilhoso, com minha mãe. Eu fui em busca desse Aloízio. Passei a me colocar no lugar desse menino. Como eu seria se não tivesse as condições que eu tenho? Lá, eu encontrei muitos Aloízios, e um deles eu vou apresentar para vocês agora, que é o Alan Vinícios, que vai dar um depoimento. É um menino que já está se promovendo, já está se inserindo no mercado de trabalho desde ontem. Ele deve estar um pouco cansado. E o Alan vai dar o depoimento dele em voz das três alas. As alas não conviviam entre si, agora elas pintam juntas, fazem performance juntas, discutem juntas. Ele já fez uma sondagem entre as três alas e está trazendo aqui a sua contribuição.

 

O SR. ALAN VINÍCIOS: Eu sou da ala D, junto com os outros que estão ali em cima, cumprindo medida socioeducativa. Quando eu cheguei no curso com o seu Aloízio, nós começamos a pintar, e eu disse para ele: “Quero fazer esse troço, quero tocar essa tinta nesse quadro aí para ver se é bom!”. E fui pintando, pintando e, depois que eu entrei na arte, me senti mais confiante, porque eu posso mudar de vida. Meus colegas também, o Marcelo também, o Gabriel, o Lucas. Bom, depois que eu comecei a pintar, parei para pensar que o crime não compensa mesmo! Depois fui pintando, pintando, e agora consegui um serviço, estou trabalhando agora. Depois, se Deus quiser, eles também vão conseguir um serviço, vão trabalhar, vão sair da vida do crime. Agradeço muito o Sr. Aloízio ter me botado nesse curso. Estou aprendendo muito. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. ALOÍZIO PEDERSEN: Interessante que nós não estamos sozinhos nesta, estamos aqui com uma grande escritora, que nós já avançamos no tempo, ela está costurando os projetos de arte na prisão. Uma menina, chamada Renata Guadagnin; o livro se chama “Criminologia e Arte”, lançado na semana passada. Uma menina que está entrando em vários presídios e costurando projetos semelhantes, já está marcando comigo oficinas em outras penitenciárias; assim outras penitenciárias vão nos visitar com projeto de hip-hop, com projeto de literatura. Levanta, Renatinha. Ela vai falar conosco lá no Plenário Ana Terra, para vocês conhecerem a Renata. O livro é excelente. Muitas vozes estão se levantando, além das que já estão comigo, que estou vendo aqui presentes.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): Obrigado, Professor Aloízio. Então, quero franquear a tribuna às Bancadas. Aproveitando, quero dizer que a exposição desses meninos está no T Cultural; os quadros estão todos expostos. O Professor Aloízio, junto aos demais rapazes, vai fazer uma performance no Plenário Ana Terra, na sequência da nossa Tribuna Popular.

O Ver. Airto Ferronato está com uma palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras; nosso Professor Aloízio; o Alan que está conosco aqui, senhoras e senhores, quero dizer que nós temos aqui na Câmara, toda a semana, expressões que se manifestam na Tribuna Popular. Na essência da Tribuna, aqui, se veem trazer questões basicamente de demandas da sociedade. Hoje nós estamos aí acompanhando um processo que se diferencia na característica, vamos dizer assim, do sentir o cidadão como expressão total.

E quero dizer que eu leciono, sou professor, há mais de 30 anos leciono. Leciono na Fundação Getúlio Vargas, em um curso de mestrado; fiz, há algum tempo, curso de mestrado na Fundação Getúlio Vargas, com aulas aqui e no Rio de Janeiro. E nós estávamos discutindo com o professor questões sociais. O professor lançou uma mensagem e queria opiniões. Naquele velho chavão, “não se dá o peixe; é preciso ensinar a pescar”, todos os meus colegas responderam e se manifestaram na questão do ensinar a pescar. Eu disse mais ou menos o seguinte: no Brasil, em instituições públicas, no sentimento da maioria dos cidadãos e na expressão privada também. No Brasil, normalmente quer se ensinar a pescar, só que se dá o anzol em uma estrada empoeirada. A perspectiva de buscar o peixe naquele ensinar a pescar é praticamente nula. É por isso que o nosso ensinar no crescer do cidadão precisa de sentimentos de alma, de emoção e muito também de ação. E quando se vê aqui o Prof. Aloízio com seus alunos, e os cidadãos e cidadãs conosco, na tarde de hoje, meditando sobre esse tema, é aí que nós precisamos cumprimentar vocês todos: o professor, mas também vocês, jovens e alunos, que se dispõem a estar com o professor. Vamos pintar, continuar pintando a beleza da nossa vida. E não é possível compreender a beleza de uma vida, se, de um lado nós temos alguém que tem tudo, e, de outro, outros que têm basicamente nada. Portanto é preciso construir juntos: os poderes, a sociedade e, essencialmente a escola. Como professor que sou... Minha falecida mãe é professora do Estado, minha irmã é professora de creches. Então, nós estamos convivendo, vendo e sentindo a importância da ação, essencialmente na família, mas muito também na sociedade e na escola. E a escola da nossa vida, não significa dizer dentro daquela sala de aula, mas, no passar dos dias, construindo um país melhor para todos nós; por isso que estamos aí para te trazer um abraço, cumprimentar a instituição, os professores, os alunos que aqui estão e todos os que contribuem nesse processo. Parabéns e um abraço a todos.

Eu falei em nome do meu Partido, o PSB, em meu nome e em nome do querido e estimado Ver. Paulinho Motorista.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): Obrigado. O Ver. Tarciso Flecha Negra, que tem uma bonita história na FASE, está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. TARCISO FLECHA NEGRA: Obrigado, Presidente, boa-tarde, Vereadores, Vereadoras, todos os que nos assistem, Sr. Aloízio, professor, mestre, esta pessoa, este homem que está agora na tribuna é um Vereador, mas a fala é de um cidadão, vai sair do coração. Esta fala não vai sair de um político, vai sair de um cidadão, que trabalha há 30 anos com a inclusão social através do esporte, da cultura, toda a inclusão... Eu quero lhe agradecer, professor Aloízio, eu o chamo de mestre, eu fiquei atento, foram 10 a 15 minutos, Presidente Dr. Thiago, e eu aprendi, trabalhando há 30 anos com as crianças na periferia, eu aprendi muito. Então, eu lhe agradeço por ter tido essa aula. E, em nome do gurizão, o Alan, quero saudar a todos os colegas, foi uma maravilha o que tu falaste. Essa busca, essa garra, essa vontade que a gente conquista quando a gente quer. Querer é poder; poder não é querer.

Eu trabalhei um ano na Av. Icaraí, na FASE, com o semiaberto, quando eu vinha para o Parque Marinha; o Presidente era o pai do meu Presidente, o Dr. Duarte. Trabalhei quase um ano com ele, lá. E ali eu aprendi muito com esses jovens. Mas o que eu busquei aprender com esses jovens, Presidente?

Tu, Aloízio, acabaste de dar uma explicação aqui: foi o “Por que eu estou aqui? Será que eu escolhi isso?” Ninguém escolhe isso. Nós queremos escolher só coisas boas, mas, às vezes, a vida nos impõe uma escolha. Eu lembro que eu vinha no Parque Marinha, depois voltava com eles conversando e ficava entre quatro, cinco, no quarto, na Av. Icaraí. Foi no quarto deles que eu peguei uma afinidade, uma amizade muito grande, já tinha 17 para 18 anos, e, em cima da cabeceira estava escrito uma frase: “Eu não nasci assim; vocês me fizeram assim”. Essa frase me marcou. Temos que refletir sobre essa frase. O que ele quis dizer com aquela frase? Não sei quem escreveu, não perguntei, mas por que “Eu não nasci assim; vocês me fizeram assim”?

Gostaria que este plenário, gostaria que a mídia, que nós lutássemos pela não violência nas escolas, contra as drogas, que muita, muita gente ouvisse e que a gente começasse a refletir, Professor, começasse, cada um, a fazer a sua parte, um pouquinho mais.

Eu vim, assim como tu disseste, de uma família muito humilde, do Rio de Janeiro, aos 14 anos, do morro, mas houve pessoas como tu, Professor Aloízio, que me deram a mão. Por isso eu cheguei aqui.

Então, Presidente, de coração, não só com este Vereador do PSD, mas contem com este cidadão. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): O Ver. Alberto Kopittke está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ALBERTO KOPITTKE: Boa-tarde a todos, a todas, ao Presidente Ver. Dr. Thiago, a todos os convidados que aqui estão, trabalhadores da FASE, internos da FASE. Quero saudar de uma forma muito especial o Alan, que deu o seu depoimento aqui; o Prof. Aloízio, que trouxe um trabalho que é uma luz para nós todos aqui, que nos emociona, nos inspira.

Venho trabalhando, Prof. Aloízio, com a questão da violência há oito anos e acho que este é o maior problema que o nosso País enfrenta hoje. Não que não existam outros; eles existem: na saúde, na educação, na miséria, na infraestrutura, na economia. Mas todos esses nós conseguimos, de uma forma ou de outra, protelar, resolver, dirimir.

Quando nós perdemos um jovem, não há mais o que fazer. Quando um jovem, como tu Alan, morre por bobagem, porque perdeu o sentido da vida ou talvez nem saiba o que é isso... E neste ano eu dei seis palestras lá na FASE, fiz seis conversas, e o que mais dói é quando um dos meninos olha e diz assim: “Mas e daí? Se eu morrer amanhã é isso! Tô na correria, vai acontecer. Seja com 16, 17, 18 anos. Essa é a minha história.” E aí tu fazes o quê? Como é que tu chacoalhas? Abraça o guri? Sei lá, fala para ele: “Não! Não morre! Não aceita o destino. Eu sei que é assim, que tu viste todos os teus amigos morrerem...” Mas a gente não pode aceitar a naturalização da morte e a invisibilidade da morte da juventude de periferia, na sua maioria jovens negros, pobres. Eu sempre conto, e escrevi um artigo que saiu no jornal Zero Hora, sobre a morte do filho de uma amiga, a que eu assisti, atrás da minha casa. Eu sou de classe média, ela mora na vila a três quadras de mim, o filho dela estava cometendo um ilícito e morreu porque pegou um brigadiano, foi assaltar um brigadiano e o brigadiano o matou. E os vizinhos olhando, comemorando, “ah, menos um” e no final daquela situação os jovens amigos dele com raiva porque a polícia também ficava instigando “é menos um que morreu aqui para nos incomodar” e o vírus da violência se espalhando como se a gente fosse espirrando um em cima do outro, deixando mais brabo, mais indignado, e a gente precisa quebrar essa lógica. Quero parabenizá-lo trazer o Jean Wyllys, Professor Aloísio, que acho que é o melhor parlamentar do País hoje, não é do meu partido – venho aqui em liderança do PT –, mas o Jean tem tido uma coragem de dizer que o caminho é muito fácil fazer discurso durão, pena dura, vamos botar atrás das grades, vamos aumentar a pena, mas é isso que a gente está fazendo há 30 anos, o sistema prisional brasileiro está com 700 mil presos e a gente continua dizendo que bandido não é preso. Se tivesse mais 700 mil vagas teria um milhão e 400 mil presos, na maioria jovens e nas FASEs também. Nas FASEs só não tem mais jovens internados porque são mortos. É por isso que as FASEs não crescem tanto; é porque morrem e a gente continua nessa lógica, nessa retórica punitivista, que é excludente. Tenho, só para fechar, lhe parabenizando, compartilhando essa luta, tenho participado e criado grupos de mulheres que perderam filhos.

Não adianta eu vir engravatado e olhar para o Alan e dizer: “Meu velho, vamos para outro caminho.” Acho que quem pode dizer isto são as mulheres, as mães. Eu estive anteontem numa reunião num bairro que não vou dizer o nome, não vou divulgar esse projeto, com dez mães. Durante três horas todas já pensaram em se matar, já nos últimos meses, agora, pela perda dos filhos porque a vida se desfez o sentido. A culpa de uma mãe, que ela sente “o que eu fiz de errado para a coisa mais preciosa da minha vida ter ido para um caminho...”, mas a culpa não é dela, a culpa é da sociedade. Então, acho que essa reflexão que vocês trazem, a gente tem que se unir por um caminho de humanização. Ou nós acabamos com essa maldita guerra hipócrita das drogas, e peço a todos que leiam a entrevista do Presidente Mojica ontem na “Zero Hora”, em que ele bota o dedo na ferida, os liberais, os colegas liberais, o Milton Friedman, também há um artigo no jornal Zero Hora sobre a maconha. Ou nós enfrentamos o tráfico, enfrentamos essa guerra de uma outra forma ou nós vamos só continuar contando mortes. Deixo o convite, no dia 6, vamos promover um debate, dentro do Central, com a pergunta: a prisão é a melhor pena? Meus parabéns, muita força para todos que estão aqui, muita energia, muita luz e a certeza de que nós vamos vencer a violência e vai ser mais um dos problemas do Brasil que a gente vai ter deixado para trás. Parabéns!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): O Ver. Delegado Cleiton está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. DELEGADO CLEITON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, público que nos assiste, Srs. funcionários desta Casa, professor Aloízio; sou Delegado de Policia, fui professor de Direitos Humanos da Academia de Polícia e fui aluno da antiga FEBEM num tempo dos anos 1980 em que existia um trabalho de integração de jovens carentes com internos daqueles Instituto. Eu, como o senhor, tive um pai, um excelente pai, uma família que sempre segurou as minhas barras, mas com dificuldades, sempre com dificuldades. Então, Professor, queria lhe dizer que estou aqui emocionado com esse projeto e dizer mais, professor, esse grande educador que o senhor é, um militante das emoções, um militante dos sentimentos, um militante das transformações, e digo isso porque essa trajetória que lhe passei foi para lhe dizer que fui aluno da Escola Odila Gay da Fonseca, e que naquela época eu era presidente do Grêmio Estudantil e o senhor já militava com essa emoção, com essa garra que foi passada aqui, com essa força! E que bom estar ao lado de um homem desses. Que bom! A beleza deste projeto é dar autoestima, é dar espaço a quem nunca teve, é demonstrar o que é cidadania para quem nunca teve a oportunidade de ser cidadão. Muitas vezes, com a falha do Estado, com circunstâncias até, como o Ver. Kopittke falou, em que o Estado falha. E ontem, professor, tive aqui nesta Casa aprovado um projeto bem singelo, que deu uma repercussão muito grande na mídia, e fora daqui de Porto Alegre e de todo o Rio Grande do Sul, e agora os colegas estavam parabenizando, e numa das entrevistas que dei hoje a jornalista me perguntou se esse projeto que eu tinha era um projeto para diminuir ou abafar a proposta de segurança pública, um projeto, como ela diz, não lembro qual foi a palavra, um projeto que mascarava a segurança pública. Eu respondi a ela de pronto que qualquer projeto aqui em que se fala em segurança pública é paliativo, e hoje vejo a minha instituição fazendo várias e várias operações, várias e várias prisões, e vejo investimento de comprar viaturas, vejo tentativas e mais tentativas de se fazer segurança pública, e respondi a ela que a única forma que eu acho, que tenho a pretensão, e falo sempre, que o único projeto que existe de fazer segurança pública é investindo em educação, sendo sensível e formando o cidadão. Então, meu querido professor Aloízio, que bom esta Câmara ter me proporcionado esses momentos de emoção.

Há pouco, tive aprovado meu projeto concedendo Título de Cidadã à Sra. Rose Linck, do Projeto Pescar. A iniciativa surgiu quando o esposo dela, ao ver um assalto, não direcionou à figura do assaltante. Aliás, até direcionou, mas tentou transformar aquele fato, em vez de críticas, como a redução da maioridade penal, em um projeto para dar emprego, para dar cidadania. Então, eu fiz questão de homenagear aqui este projeto. E subi a esta tribuna e, com este tamanho todo, chorei, chorei de emoção, até porque eu vi a dimensão... e me passou um filme quando eu vi vários jovens aqui que tiveram acesso; me emocionei porque passou um pouco da minha vida aqui.

E agora, junto com este professor querido que transformou a sua arte, que é a arte de educar – maestria e educação –, transformou vários jovens da escola onde eu estudei, e hoje continua transformando. Obrigado, professor, por ser essa pessoa que é, obrigado! (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): Quero agradecer profundamente a presença do professor Aloízio, que, nos nossos momentos de encontro, já mostrou toda essa emoção, toda essa garra, toda essa força. Sem dúvida nenhuma, é um prazer tê-lo conosco.

O Ver. Tarciso mencionou, e eu não podia deixar de fazer menção a uma pessoa que eu conheço e que para mim é o grande exemplo de reinserção social: meu pai, enquanto Promotor da Vara de Execuções Criminais, foi a pessoa que, dentro do meu conhecimento, Professor Aloízio, mais promoveu reinserção social. Os apenados acabavam, muitas vezes, iniciando o trabalho externo a partir da nossa casa, quando saíam do presídio. Ele sofreu muitas críticas. Ele foi um precursor disso e ele sempre disse e continua dizendo: “Como vou dizer para os outros praticarem reinserção social se eu não der o exemplo?” E ele sempre deu exemplo disso.

 

O SR. MARIO FRAGA: Presidente, quebrando o protocolo e agradecendo esta gentileza, mas este é um momento especial para mim, Professor Aloízio, porque eu nasci ao lado da FEBEM, hoje FASE, em Belém Novo. Aqui, junto destes garotos, está um amigo meu que tem 30 anos de FASE, 30 anos de FEBEM, que é o Flavio Torres Pereira, o Flavinho, que trabalha com essas crianças há muito tempo. Então, eu queria fazer esta homenagem para o senhor e para este meu amigo que tem 30 anos de FEBEM, o que não deve ser fácil – não é Dr. Thiago? –, e V. Exa. conhece muito bem este assunto. Então, faço a homenagem e fico emocionado e agradeço este grande aparte que V. Exa. me deu. Eu brinquei com as crianças da FEBEM naquela época. Meus parabéns, Professor. Obrigado, Dr. Thiago.

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): Queria terminar fazendo esta menção ao Professor Aloízio, ao seu brilhante trabalho, ao trabalho que ele iniciou lá na Vara de Execuções Criminais, na década de 80, e eu lembro que, muitas vezes, no Natal e no Ano-Novo, a presença do meu pai nos era furtada em função de determinado conflito dentro do Presídio Central; ele ia até lá e conseguia, com espírito pacificador, tranquilizar aquelas pessoas que estavam cumprindo as suas medidas. Depois, na FASE, inaugurando um outro tempo, procurando incluir, naquele momento, o esporte – nessa época o Ver. Tarciso estava deixando o futebol, chegava o Alcindo e essa turma toda – não é Tarciso? –, e, sem dúvida alguma, a sua presença aqui aquele dia e hoje, me traz lembranças de todo esse período da minha infância em que parte da presença do meu pai foi furtada, mas, sem dúvida alguma, em nome de uma causa que hoje eu louvo – e louvo com muita força. Parabéns pelo seu trabalho, parabéns para vocês, e que possamos, na nossa sociedade, galgar mais e mais momentos como este. Momentos juntos, porque, como dizia Dom Helder Câmara: “Um sonho sonhado só é só um sonho”. Um sonho que o Professor Aloízio começa a sonhar junto com todos nós ele se torna realidade. Parabéns pelo trabalho! Parabéns para vocês, por essa recepção do trabalho do Professor Aloízio, porque, sem dúvida nenhuma, assim nós poderemos construir um mundo melhor. Muito obrigado. Muito obrigado a todos vocês!

Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h17min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago – às 15h18min): Estão reabertos os trabalhos da presente Sessão. Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

É com grande satisfação, Ver. João Antonio Dib – V. Exa. sempre solicitou que essa homenagem fosse realizada –, que, hoje, este período é destinado a assinalar o transcurso do 70º aniversário da Independência do Líbano, proposto, desta vez, por esta Mesa Diretora.

Convidamos para compor a Mesa: o Sr. Zilmar José Moussalle, Presidente da Sociedade Libanesa;o Sr. Ricardo Malcon, Cônsul Honorário do Líbano; e o Sr. Salim Sessim Paulo, representante do Conselho de Cidadãos Honorários, um patrício e perito odontologista.

Solicito ao Ver. Nereu que assuma a presidência dos trabalhos para que eu possa me manifestar em nome da Mesa Diretora da Casa.

 

(O Ver. Nereu D’Avila assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Avila): O Ver. Dr. Thiago está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. DR. THIAGO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) “A primeira Constituição Libanesa foi promulgada em 23 de maio de 1926, tendo sido, posteriormente, emendada várias vezes. Baseada no modelo da terceira República Francesa, prevê um parlamento, Ver. Valter, bicameral, com Câmara dos Deputados e Senado, um Presidente, e um Conselho de Ministros ou Gabinete. O Presidente deveria ser eleito pela Câmara dos Deputados para um mandato de seis anos, e não poderia ser reeleito nos anos seguintes. Já os deputados seriam eleitos pelo voto popular, segundo as diferentes comunidades religiosas. O costume de escolher os ocupantes dos principais cargos políticos, bem como os dos altos escalões da administração pública de acordo com a proporção das principais tendências religiosas da população foi reforçado durante esse período com o objetivo pacificador. Teoricamente, a Câmara dos Deputados cumpria uma função legislativa, mas, de fato, as leis eram preparadas pelo Executivo e submetidas à Câmara dos Deputados, que aprovava todas, praticamente sem exceção. Nos termos da constituição, o alto comissário francês ainda exercia o poder supremo.

Passaram-se dez anos de impasses, discussões, divisões político-religiosas, enfim, tudo aquilo que se conhece na discussão no campo das ideias. Émile Eddé foi eleito Presidente em 1936 e, somente um ano depois, ele restabeleceu a Constituição de 1926 e começou a organizar as eleições para a Câmara de Deputados. No entanto, a constituição foi novamente suspensa pelo alto comissário francês em setembro de 1939, no início da 2ª Guerra Mundial.

Em 1941, a invasão da Síria e do Líbano pelos aliados resulta na eliminação das autoridades francesas. Sob pressão dos britânicos, os representantes da França Livre dão seu aval à independência da Síria e do Líbano, mas ainda tentam manter o controle francês na região – estamos falando de 1941.

Em agosto de 1943, é negociada com outros notáveis a divisão do poder entre as comunidades religiosas principalmente, ficando a presidência da república reservada aos maronitas; a presidência do conselho de ministros, aos sunitas; a presidência da câmara dos deputados, aos xiitas. Bechara El-Khoury é eleito presidente da república e logo se afirma como adversário do mandato francês. Jean Helleu, nomeado representante no levante pela França Livre, opõe-se à modificação da constituição: a Câmara de Beirute vai além e extingue o mandato francês. Helleu manda prender Bechara e o chefe de governo Riad.

Nos meses seguintes, a França transfere todas as competências administrativas aos governos sírio e libanês. A independência política do Líbano torna-se oficial em 1º de janeiro de 1944, mas a França ainda conservaria o controle das tropas do levante até o final da guerra, condicionando a independência à conclusão de um tratado. As últimas tropas da França só deixam o país em 1946. Este é, sucintamente, um relato da história da independência do Líbano, um relato feito por uma pessoa que convive diretamente com descendentes, caro Cônsul Malcon.

Eu tenho a honra, Dr. Moussalle, de ter três filhos com nomes árabes, e isso muito me orgulha e faz muito parte da nossa grande mistura populacional deste país. Esse país, que acaba sendo berço de muitas nacionalidades, para não dizer da globalidade do nosso planeta. Muitos descendentes nós observamos hoje, na nossa convivência, seja na Sociedade Libanesa, seja nos grupos árabes, seja entre aqueles que cultuam o muçulmanismo; então, nós observamos que está profundamente arraigada na nossa cultura a cultura árabe e, principalmente, a do Líbano.

Eu gosto muito da veia poética do cancioneiro latino-americano, que serve também profundamente para este momento: “A terra nova era um paraíso/ o milho alto e os rios puros/ a cobiça estava ausente/ era o índio senhor do continente/ foram chegando os conquistadores/ os africanos e os aventureiros/ o índio altivo se mesclou escravo/ nascia um novo tipo americano/ o interesse fabricou carimbos/ o ódio à toa levantou bandeiras/ a baioneta desenhou caminhos/ e a estupidez nos separou em bandeiras /tenho um filho desta terra/ foi o amor sem passaporte/ se o gestar for brasileiro/ não me chames de estrangeiro/ cada terra, cada rua/ tem um toque de imigrante/ que desenharam com seus sonhos/ um país que não tem dono.” Esse é o meu, o nosso profundo sentimento pelos imigrantes que vieram a esta Casa e levantaram este grande país.

 

O Sr. Valter Nagelstein: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Quero dizer que eu estava programado, na sexta-feira, com enorme satisfação, para ter comparecido e acabei envolvido num roteiro pelo Interior, não consegui chegar a tempo à Sociedade Libanesa, onde sou sempre recebido com muito carinho, como, aliás, é uma característica do povo libanês, com muita cordialidade, com muito afeto. O Brasil, como expressou V. Exa. – o Presidente Thiago sempre tem um poema para nos brindar –, é esse cadinho generoso que recebeu a todos.

Sou, com muita honra, Vereador de Porto Alegre, mas venho lá da minha Bagé, onde a comunidade libanesa tem um papel importantíssimo. Eu tenho, quiçá, um dos melhores amigos de infância, filho de um médico libanês, que era o Dr. Luis Simão Kalil, que, há pouco tempo, infelizmente, nos deixou, mas o Elias, que era filho, caminhou comigo durante toda a infância que passei lá em Bagé. E lá tinha a família Kalil e tantas outras famílias libanesas que deram, meu caro Cônsul, a sua contribuição, como de resto, para todo o país, para Porto Alegre, para São Paulo, enfim, onde nós andarmos, inclusive no sertão baiano, nós vamos encontrar um pouco do sangue libanês, um pouco de todos os sangues que formam esta Pátria generosa, que é a Pátria brasileira.

Eu compartilho com V. Exa. a necessidade de homenagear o Líbano, aqui os seus descendentes, que tanto contribuem para o nosso país, e quero dizer que todos nós sonhamos com o dia em que tivermos paz no nosso Oriente Médio, sonhamos com o dia em que lá possam se espelhar um pouco no nosso exemplo, aqui do nosso querido Brasil. Que não tenhamos mais sunitas, xiitas, maronitas, cristãos, judeus, muçulmanos, mas que todos nos vejamos como irmãos, como seres humanos, e possamos, juntos, construir a grande graça e a grande experiência que é a existência. Quero cumprimentar o nosso Cônsul e os nossos representantes pelo aniversário do Líbano e agradecer a contribuição. O nosso Líder, Ver. Idenir Cecchim, vai usar o tempo do Ver. Nereu, mas eu, como Presidente do PMDB, gostaria de deixar aqui expressa também a nossa homenagem, e a nossa alegria, e o nosso desejo de que possamos, como eu disse, sempre e num futuro muito próximo, encontrar o congraçamento dos povos, e o desenvolvimento, e a paz que todos almejamos e desejamos.

Meu querido Ver. João Dib, Vereador desta Casa, referência para nós, referência moral, reserva moral da política gaúcha e exemplo desta comunidade tão bonita: que possamos encontrar a paz que todos almejamos. Muito obrigado e parabéns. (Palmas.)

 

A Sra. Mônica Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Thiago; Presidente desta Sessão, Ver. Nereu D’Avila; Presidente da Sociedade Libanesa, Zilmar José Moussalle – não sei se disse o seu nome certo, mas também quero dizer que, quando a gente fala os nomes em ídiche, como a gente diz, sempre se pensa muito quando vai se pronunciar. O meu nome de casada sempre tem essa característica, as pessoas dizem de forma diferente, mas a intenção é acertar o seu nome –; Cônsul honorário do Líbano, Ricardo Malcon. E aqui faço um registro: venho fazer este cumprimento de coração e, também, em nome da Bancada Progressista – Ver. Villela, Ver. Nedel; nosso líder honorário, João Antônio Dib –, mas, especialmente, em nome da família Leal, porque nós crescemos juntos. Ricardo e eu somos amigos de longa data, de uma praia muito querida chamada Torres, e a família Leal carrega esse sentimento de amizade. Mesmo que os anos passem, e a gente, por vezes, não se encontre seguidamente, quando tem oportunidade, é como se o tempo não tivesse passado. Então, nós acompanhamos a tua trajetória, a tua vida e torcemos muito por ti. E a nossa Bancada, a Bancada progressista, vem aqui fazer um reconhecimento justo pela luta pela paz que vocês têm. Não quero deixar de cumprimentar o representante do Conselho dos Cidadãos Honorários, o Salim Sessim Paulo, e, mais uma vez, dizer que a Bancada se sente honrada em fazer esse cumprimento para uma nação que luta pela paz. Obrigada pela oportunidade.

 

O SR. DR. THIAGO: Obrigado, Ver.ª Mônica.

 

O Sr. Airto Ferronato: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Quero dizer que esta homenagem nos traz de volta, fisicamente inclusive, mas também na expressão maior do nosso querido Ver. João Dib que sempre tomou a iniciativa e nós, Vereadores de Porto Alegre, sempre votamos favorável por unanimidade por uma homenagem que se faz anualmente ao Líbano e ao povo libanês. Portanto, a importância de estar aqui e a importância de também estar com o querido Ver. João Dib. Também dizer que, se em um determinado momento da História é muito expressivo, até porque o Ver. João Dib esteve aqui nada mais nada menos do que 40 anos e sempre sendo o iniciador deste momento, desta homenagem, hoje nós temos a Mesa Diretora da Câmara propondo a homenagem numa implicação direta e expressa de que a Câmara de Vereadores de Porto Alegre homenageia o Líbano e o povo libanês, numa expressão do dizer que Porto Alegre reverencia aquele país e a sua gente. Portanto, estamos trazendo um abraço em meu nome particular, em nome do PSB, do Ver. Paulinho Motorista e dizer da importância de estarmos aqui hoje nesta comemoração de 70 anos de independência do Líbano. Um abraço e parabéns a todos.

 

O SR. DR. THIAGO: Obrigado.

 

A Sra. Luiza Neves: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Falo em nome do PDT, em nome do Ver. Dr. Thiago, Ver. Nereu D’Avila, Ver. Márcio Bins Ely, Ver. Mario Fraga, Ver. Delegado Cleiton e dizer que é uma alegria poder estar aqui rendendo esta homenagem pelos 70 anos da independência do Líbano. Essa confraternização dos povos representa muito para o povo porto-alegrense, pois congregam e agregam a nossa Cidade, trazendo a cultura, os costumes e os conhecimentos de vocês. Essa confraternização só enobrece e engrandece. Gostaria de mencionar a pessoa do nosso sempre Ver. João Dib – que já foi citado aqui –, referimos ele como um verdadeiro libanês, pois, nesses 40 anos que ele ocupou esta Casa, ocupou esta tribuna, sempre capitaneou esta homenagem. Eu tive também o privilégio, por oito anos, quando trabalhei e fui assessora nesta Casa, de organizar esta homenagem que é prestada anualmente. Então, muito justo, e me alegra estar aqui podendo homenagear, honrando vocês como realmente deve ser feito. Parabéns e que Deus abençoe a todos.

 

O Sr. Pedro Ruas: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Meu caro Ver. Dr. Thiago, que preside a Casa; Ver. Nereu D’Ávila, que preside esta Sessão neste momento; Salim, um abraço; meu caro Presidente da Associação, Cônsul, é uma honra tê-los aqui. Eu falo no meu nome e no nome da Ver.ª Fernanda Melchionna, porque falo pelo PSOL. Em outras ocasiões das propostas de S. Exa, Ver. João Dib, tivemos a ocasião e outros momentos de nos pronunciarmos. Temos muito orgulho de poder manifestar o nosso regozijo pelos 70 anos da independência. Nós respeitamos muito o Líbano, o povo libanês e a sua contribuição para o nosso País também. Somos defensores da causa palestina, somos defensores, no PSOL, da criação de um estado palestino. Então, toda a causa do mundo árabe, do Oriente Médio, nos sensibiliza; e a questão específica e particular do Líbano nos diz muito respeito e nos toca muito de perto. Então, sejam bem-vindos e recebam do PSOL um forte abraço de solidariedade.

 

O Sr. Reginaldo Pujol: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador-Presidente, vou lhe roubar mais um tempo para dizer da minha satisfação pessoal em poder participar, mais uma vez, das homenagens que anualmente esta Casa presta à comunidade libanesa de Porto Alegre. Eu devo, de início, Ver. Nereu D’Avila, confessar um fato: esta Casa teve grandes prejuízos com o não retorno, por vontade própria, a este Legislativo, do Ver. João Antonio Dib, mas, entre os pares desta Casa, ninguém foi tão prejudicado quanto eu, até porque o Dr. Dib, com a sua ausência, levou-me à circunstância de transformar-me no decano da Casa, coisa que ele era por longo tempo. E eu estou ainda treinando para ser decano, porque, depois de todo aquele tempo, acostumado com o Dr. Dib, fica difícil a gente viver um papel que ele viveu com tanto brilhantismo. Eu tenho, na minha história pessoal, algumas vivências com a comunidade libanesa. Todos sabem, nesta Casa, que eu nasci em Quaraí, lá na fronteira oeste do Estado. Meu pai tinha um grande amigo em Quaraí que se chamava Rafael Abip. O Sr. Rafael e a Dona Branca, que era a sua esposa, por razões que desconheço, não tinha filhos, e praticamente me adotaram. Eu o chamava de tio. Lá por 1945, depois que terminou a guerra, eu vi o Sr. Rafael aqui – e eu tinha muito apreço – discutir com outra pessoa e dizer: “Eu não sou turco, eu sou libanês!” E eu fui perguntar ao meu pai por que chamavam o tio Rafael de turco, quando ele era libanês. Meu pai não teve muita dúvida, deu-me uma explicação que foi mais ou menos o seguinte: “Olha, é tudo parecido, é a mesma coisa, como se fosse carioca e gaúcho.” E ficou por isso mesmo. Mas, vindo para Porto Alegre, nos idos de 1954, meu Presidente, eu fui conviver mais diretamente com a comunidade libanesa, aqui muito mais ampla que na minha Quarai. Foi lá que eu conheci a nossa Sociedade Libanesa, que o senhor hoje preside com muito garbo e que, ainda há poucos dias, recebeu-nos, juntamente com o nosso Cônsul, de forma tão galharda, tão simpática e tão altaneira. É lógico que eu sempre tive as minhas cumplicidades na comunidade, e um dos cúmplices maiores está aqui presente conosco, que fazia comigo um trio maravilhoso, com o Henrique, o ferrugem, ele libanês, e eu descendente de espanhol, mas, muitas vezes, confundido com libanês, para minha alegria pessoal. Eu lembrava com o Dr. Dib, há pouco, meu Presidente, que o Hilário Honório, grande colunista da Folha da Tarde, uma vez escreveu que a Câmara tinha uma bancada libanesa, e citou o Dib, o Mano José, o Satte, e que eu era meio libanês. Eu sou descendente de espanhóis – e se eu dissesse ao meu avô que era descendente de espanhóis ele me excomungava, porque ele dizia, com toda a firmeza, que ele não era espanhol, que ele era da Catalunha, e, como catalão, ele se negava a ser considerado espanhol. Mas tudo isso, um pouco de prosa, é para dizer do meu carinho, do respeito que tenho pela comunidade libanesa, onde eu tenho tantos amigos, o que me dá mais orgulho ainda de ser brasileiro. Aqui, libanês se sente feliz, judeu se sente feliz, árabe se sente feliz, porque aqui nós exercitamos essa convivência eclética que faz com que juntos procuremos construir uma grande nação aqui nos trópicos.

Então, quero saudar o Cônsul, o nosso Presidente, o meu amigo Sessim, que está aqui conosco; e quero dizer, Presidente, que V. Exa. está em vias de concluir o seu mandato na presidência e o faz com raro brilho, inclusive promovendo esta homenagem, fruto da tradição da Casa, extremamente merecida e com a presença do Ver. Dib entre nós. Meus cumprimentos. (Palmas.)

 

O SR. DR. THIAGO: Obrigado, Ver. Pujol, sempre com suas palavras carinhosas. E eu termino, caro Dr. Zilmar Moussalle, caro Cônsul Malcon, e querido Professor, Mestre, Dr. Salim Sessim Paulo, dizem que nome de árvore, Ver. Cecchim – assim como Pereira –, é a imigração árabe em Portugal. Eu, que tenho uma descendência portuguesa, índia e negra, ao ter filhos árabes... aos filhos sempre desejamos um futuro melhor; sempre entendemos que a partir dos filhos temos o nosso seguimento nesse plano, eu também me sinto integrante dessa grande comunidade árabe. E assim faço também, aqui, a saudação à minha esposa, Magda Suleiman Shama, e aos meus três filhos: Maria Suleiman Shama Pereira Duarte, João Pedro Suleiman Shama Pereira Duarte e João Miguel Suleiman Shama Pereira Duarte.

Parabéns ao Líbano, e que possamos cada vez mais respeitar a liberdade das nações que se formaram a partir de raízes culturais e de raízes sociais. Vida longa ao Líbano e à sua independência! (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

(O Ver. Dr. Thiago reassume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): O Ver. Idenir Cecchim está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Nereu D’Avila.

 

O SR. IDENIR CECCHIM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu conversei longamente, hoje de manhã, Ricardo, com o Fouad Mohamed Fakih, lá de Foz de Iguaçu, que é seu amigo também, um libanês proeminente no Paraná e no Brasil, proprietário da Uniamérica, uma universidade fantástica de lá também, e eu falei a ele que, hoje, a Câmara de Vereadores prestaria uma homenagem aos 70 anos do Líbano. Ele ficou feliz e disse: “Transmita, então, ao cônsul, o meu abraço”. Cumprimentou a Câmara de Vereadores de Porto Alegre por fazer esta homenagem e disse que ia reclamar da Câmara de Vereadores deles, lá, que não havia feito isso. Dizendo isso, Ver. Dib, falei do Fouad lá de Foz do Iguaçu para dizer que a comunidade libanesa no Brasil contribui, de uma forma decisiva, em muitos setores da vida do Brasil, do Estado, do Município e nos mais diversos setores.

Nós temos aqui como um exemplo de político, que veio de Vacaria, o nosso descendente de libaneses, o João Dib. Não precisa citar outro político para dar um exemplo de homem descendente de libaneses. Basta falar em João Antonio Dib. Temos grandes empresários pelo Brasil afora: na Rede Bandeirantes de Comunicação, o João Saad – libanês independente e altivo, que não se importa de enfrentar governos.

Aqui em Porto Alegre, temos empresários que são decisivos no desenvolvimento da Cidade, me permitam, não é por serem meus amigos: Ricardo Malcon, família Malcon; família Moussalle; família Sessim – que honram não só a República do Líbano, mas honram a cidade de Porto Alegre; honram a cidade de Porto Alegre.

Temos, aqui em Porto Alegre, comerciantes importantes que fazem do comércio de Porto Alegre um comércio pujante. Falo isso, João Antonio Dib, para dizer que, com o trabalho – e esses libaneses trabalham muito, não é por sorte que são bem-sucedidos –, nada vem por acaso. E não é ficando na sombra do cedro que se faz o desenvolvimento, mas usando essa árvore belíssima como exemplo para trabalhar mais. E dizer que o povo libanês, que tem um país pequeno, está presente no mundo todo; e onde está o povo libanês presente há progresso, há muito trabalho e tem muita dignidade.

Por isso, Ricardo Malcon, Sr. Cônsul do Líbano em Porto Alegre, transmita a todos os seus, os quais o senhor representa tão bem aqui, o reconhecimento, o nosso reconhecimento pelo desenvolvimento, pela amizade e pela acolhida que sempre o povo libanês, os libaneses de Porto Alegre nos dedicam. Seja lá na Sociedade Libanesa, Moussalle, seja onde for, a casa de um libanês é uma casa de respeito e de dignidade. Vida longa ao Líbano, aos libaneses, e seus descendentes. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): Convido todos os Srs. Vereadores e demais presentes para chegarmos junto ao ex-Vereador João Antonio Dib para fazermos a entrega do Diploma alusivo à data, ao Presidente da Sociedade Libanesa.

 

(Procede-se à entrega do Diploma.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): O Sr. Zilmar José Moussalle, Presidente da Sociedade Libanesa, está com a palavra.

 

O SR. ZILMAR JOSÉ MOUSSALLE: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Boa-tarde. Em primeiro lugar, queria agradecer este espaço criado pela Mesa Diretora na pessoa do seu Presidente, Dr. Thiago, e agradecer ao nosso eterno Ver. João Dib, que criou ao longo dos anos, este espaço junto a esta Casa.

Não vou fazer discurso, apenas alguns lembretes, e peço permissão para lembrar aos presentes o sagrado dever que temos em mostrarmos o que é o Líbano. As pessoas pouco ou nada sabem de nossa pátria. Confundem-nos com outros povos árabes, só nos veem com turbantes, andando com camelos, e nossas mulheres de burca. Mas nada disso é verdade, até porque no Líbano só tem camelo para os turistas passearem.

Lembro que nossa pátria de origem é a pátria dos nossos pais; o Líbano comemora, neste dia 22 de novembro, 70 anos de independência. Essa idade porém contrasta com a nossa história, que já soma mais de 7 mil anos, e que foi berço da fantástica civilização dos fenícios.

Os franceses ocuparam nosso solo; de lá só saíram três anos após a nossa independência. No dia 22 de novembro de 1943, aí é que o presidente, como já foi citado, Bechara El-Khoury, e o premiê Riad Al Solh foram libertados pelos franceses da prisão da fortaleza de Rachaya.

Mas o que precisamos contar para o mundo é que o nosso Líbano tem uma capital bela, Beirute; que temos uma população de 3,5 milhões de habitantes; que a língua oficial é o árabe; que o nosso país é tão lindo que sob o ponto de vista financeiro já foi chamado de Suíça do Oriente, pois ali eram feitas grandes negociações de petróleo. Sob o ponto de vista turístico era chamado de Mônaco do Oriente, com cassinos e hotéis de luxo. O PIB do Líbano chega a mais de 70 bilhões de dólares; a nossa taxa de inflação ainda está em 5,2 % ao ano. Esses dados, que são novidade mesmo para alguns de nós, precisam ser divulgados. Precisamos, como sociedade que carrega o glorioso nome de nossa pátria, sermos mais do que um local de confraternização; mostrar o que nos ensinaram 7 mil anos de história, mostrarmos mais seriedade, mostrarmos o que temos de comércio, a nossa fantástica culinária. Precisamos falar do Monte Líbano, mas, antes de tudo, precisamos mostrar que não somos fanáticos religiosos, que somos cultos, herdeiros diretos de grandes navegadores fenícios, e que esse espírito de navegador é que levou nossos ancestrais, mesmo muitos dos que aqui estão, atravessarem os mares e deixarem nosso torrão natal sem jamais esquecer nossas raízes. Precisamos mostrar que somos um povo que não foge à luta, que ama a paz e que sabe amar as nossas origens e as nossas famílias. Estes, senhores, são os lembretes que quero trazer nesta Sessão em que comemoramos 70 anos de independência do Líbano. Que a paz esteja convosco! Salam Aleikum! Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): Obrigado. Vida longa ao Líbano! Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 16h2min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago – às 16h4min): Estão reabertos os trabalhos.

O Ver. Idenir Cecchim está com a palavra para um Requerimento.

 

O SR. IDENIR CECCHIM (Requerimento): Sr. Presidente, solicito a inversão da ordem dos trabalhos, para que possamos, imediatamente, entrar no período de Pauta. Após, retornamos à ordem normal.

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Idenir Cecchim. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) APROVADO.

Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. Nº 2802/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 310/13, de autoria da Verª Séfora Mota, que concede o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao senhor Jefferson Fürstenau.

 

PROC. Nº 2972/13 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 045/13, de autoria do Ver. Paulo Brum, que concede a Comenda Porto do Sol à Ortobras Indústria e Comércio de Ortopedia Ltda.

 

PROC. Nº 3105/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 347/13, de autoria da Verª Lourdes Sprenger, que inclui a efeméride Dia do Vegano no Calendário de Datas Comemorativas e de Conscientização do Município de Porto Alegre – Lei nº 10.904, de 31 de maio de 2010, e alterações posteriores –, no dia 1º de novembro.

 

PROC. Nº 3185/13 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 015/13, que extingue a Subunidade 10 da Unidade de Estruturação Urbana (UEU) 10 da Macrozona (MZ) 07, definida como Área Especial de Interesse Social I (AEIS I), e altera os limites, os regimes urbanísticos e as Subunidades 01 e 05 da UEU 10 da MZ 07, revogando a Lei Complementar nº 621, de 23 de junho de 2009.

 

PROC. Nº 3199/13 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 044/13, que altera o parágrafo único e inclui incs. I e II no art. 2º da Lei nº 11.213, de 6 de fevereiro de 2012 – que disciplina a realização de eventos culturais, econômicos, políticos ou de outra natureza no Largo Jornalista Glênio Peres e revoga as Leis nº 9.404, de 3 de fevereiro de 2004, e nº 10.660, de 20 de março de 2009 –, incluindo a Feira Estadual de Economia Popular Solidária no rol de eventos excetuados da vedação disposta no caput do art. 2º da mesma Lei.

 

PROC. Nº 2780/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 305/13, de autoria do Ver. Delegado Cleiton, que obriga os revendedores varejistas de combustível automotivo líquido a afixarem placa informando sobre a obrigatoriedade de realizarem análise de qualidade do combustível sempre que solicitado pelo consumidor. Com Emenda nº 01.

 

PROC. Nº 2782/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 307/13, de autoria do Ver. Delegado Cleiton, que obriga as creches privadas a instalarem, em suas dependências internas, sistema de monitoramento com câmeras de vídeo que possibilitem o acompanhamento das crianças em tempo real pela internet e dá outras providências. Com Emenda nº 01.

 

PROC. Nº 2846/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 320/13, de autoria da Verª Mônica Leal e do Ver. Mario Fraga, que altera a ementa e o art. 1º e inclui arts. 1º-A e 1º-B na Lei nº 6.643, de 18 de julho de 1990, proibindo a fabricação de brinquedos que sejam réplicas ou simulacros de armas de fogo e dando outras providências. Com Emenda nº 01.

 

PROC. Nº 3244/13 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 045/13, que altera o inc. XVI do art. 1º da Lei nº 10.758, de 16 de outubro de 2009 – que autoriza o Executivo Municipal a desafetar e, por meio de concorrência pública, alienar os imóveis próprios municipais que relaciona, estabelece a utilização dos recursos obtidos com a alienação desses imóveis e dá outras providências.

 

PROC. Nº 3246/13 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 016/13, que define o índice de aproveitamento para o Estudo de Viabilidade Urbanística (EVU) referente ao empreendimento naval localizado na Ilha Grande dos Marinheiros e dá outras providências.

 

PROC. Nº 2975/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 340/13, de autoria do Ver. Elizandro Sabino, que denomina Rua Pastor Neri Lemos Cabral o logradouro público cadastrado conhecido como Rua B – Loteamento Vila Hípica do Cristal –, localizado no Bairro Cristal.

 

PROC. Nº 3113/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 348/13, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Padre João Oscar Nedel o logradouro público parcialmente cadastrado conhecido como Rua 7125 – Loteamento Industrial da Restinga –, localizado no Bairro Restinga.

 

PROC. Nº 3129/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 352/13, de autoria do Ver. Waldir Canal, que denomina Complexo Viário Ex-Vice-Presidente da República José Alencar Gomes da Silva o conjunto de equipamentos públicos integrado pelas elevadas de conexão com a Avenida Castelo Branco, nos dois sentidos, a partir da Rodovia do Parque – BR-448, inclusive a ponte sobre o Rio Gravataí e conexão com as Ruas João Moreira Maciel e Padre Leopoldo Bretano, nos dois sentidos, no Bairro Humaitá.

 

PROC. Nº 2696/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 300/13, de autoria do Ver. Marcelo Sgarbossa, que declara de utilidade pública a Fundação Solidariedade de Formação e Capacitação de Trabalhadores – Fundsol.

 

PROC. Nº 2904/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 327/13, de autoria da Verª Any Ortiz, que institui o Programa Municipal de Saúde da Juventude (Prosaju). Com Emenda nº 01.

 

PROC. Nº 2909/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 332/13, de autoria da Verª Any Ortiz, que institui o Programa Municipal de Uniforme Escolar nas escolas da rede pública municipal de ensino. Com Emenda nº 01.

 

PROC. Nº 3061/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 345/13, de autoria do Ver. Alceu Brasinha, que obriga hotéis, motéis, pensões, casas de banho e similares a higienizarem e a desinfectarem roupas e utensílios de suas instalações, tratando-os contra ácaros e micro-organismos, conforme dispõe o art. 27 do Decreto Estadual nº 23.430, de 24 de outubro de 1974.

 

PROC. Nº 3122/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 351/13, de autoria do Ver. Waldir Canal, que obriga motoristas de táxi a entregarem aos usuários selo padronizado contendo informações sobre o serviço utilizado e dá outras providências.

 

PROC. Nº 3140/13 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 043/13, que altera o caput do art. 13 da Lei nº 10.266, de 10 de outubro de 2007 – que cria a Secretaria Municipal de Turismo (SMTUR) no âmbito da Administração Centralizada do Executivo Municipal, prevê o planejamento e o desenvolvimento do Programa Municipal de Turismo (PMT), cria Cargos em Comissão e Funções Gratificadas a serem lotados na SMTUR, extingue o Gabinete de Turismo (GTUR), do Gabinete do Prefeito (GP), bem como Cargos em Comissão e Função Gratificada lotados no GTUR, revoga o art. 1º da Lei nº 9.735, de 11 de maio de 2005, alterada pela Lei nº 10.239, de 16 de agosto de 2007, e dá outras providências –, alterada pelas Leis nº 10.766, de 29 de outubro de 2009, e nº 11.183, de 2 de janeiro de 2012, prorrogando para até o dia 31 de dezembro de 2014 o prazo de vigência dos cargos em comissão de Assistente – CC, e de Responsável por Atividades II – CC, lotados na Secretaria Municipal de Turismo (SMTUR).

PROC. Nº 3245/13 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 046/13, que altera os itens Identificação, Atribuições, Condições de Trabalho, Recrutamento e Lotação do cargo de provimento efetivo de Monitor, constante na Lei nº 6.309, de 28 de dezembro de 1988 – que estabelece o Plano de Carreira dos Funcionários da Administração Centralizada do Município e alterações posteriores, e dá outras providências.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. Nº 1151/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 097/13, de autoria do Ver. Professor Garcia, que inclui o evento Feira do Peixe de Belém Novo no Anexo II da Lei nº 10.903, de 31 de maio de 2010 ­– que institui o Calendário de Eventos de Porto Alegre e o Calendário Mensal de Atividades de Porto Alegre, dispõe sobre a gestão desses Calendários e revoga legislação sobre o tema –, e alterações posteriores, no período situado entre o final do mês de março e o início do mês de abril.

 

PROC. Nº 1886/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 201/13, de autoria do Ver. Professor Garcia, que dispõe sobre a obrigatoriedade das concessionárias de automóveis comprovarem o plantio de árvores para compensar a emissão de dióxido de carbono (CO2) e dá outras providências.

 

PROC. Nº 2272/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 262/13, de autoria da Verª Luiza Neves e do Ver. João Derly, que altera, no Anexo da Lei nº 10.904, de 31 de maio de 2010 – Calendário de Datas Comemorativas e de Conscientização do Município de Porto Alegre –, e alterações posteriores, o Dia da Marcha para Jesus para o primeiro sábado do mês de outubro de cada ano.

 

PROC. Nº 2789/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 309/13, de autoria do Ver. Waldir Canal, que assegura aos professores de estabelecimentos de ensino públicos ou privados do Município de Porto Alegre a concessão de desconto sobre o valor efetivamente cobrado pelos ingressos de casas de diversão, espetáculos teatrais, musicais e circenses, exibições cinematográficas, parques e similares das áreas de cultura e lazer.

 

PROC. Nº 2819/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 315/13, de autoria do Ver. Christopher Goulart, que obriga os teatros e os cinemas a disponibilizarem assentos diferenciados dos demais para gestantes e a reservarem assentos para seus acompanhantes.

 

PROC. Nº 2847/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 321/13, de autoria do Ver. Valter Nagelstein, que obriga a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) a implementar estacionamentos exclusivos para motocicletas nas regiões em que forem solicitados, se constatada a necessidade, bem como nas regiões com grande quantidade de estabelecimentos comerciais.

PROC. Nº 3020/13 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 048/13, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que concede o Diploma Honra ao Mérito ao senhor Giovanni Francesco Aronna.

 

PROC. Nº 3024/13 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 041/13, que extingue 47 (quarenta e sete) funções gratificadas e 47 (quarenta e sete) cargos em comissão, coloca em extinção a classe de monitor, cria 141 (cento e quarenta e uma) funções gratificadas, 43 (quarenta e três) cargos em comissão e 668 (seiscentos e sessenta e oito) novos cargos na Fundação de Assistência Social e Cidadania (FASC), altera o caput do art. 1º e inclui inc. V no art. 2º da Lei Complementar nº 341, de 17 de janeiro de 1995 – que dispõe sobre o trabalho em regime de plantão de 12 horas x 36 horas na Administração Municipal e dá outras providências –, altera o art. 18 da Lei nº 4.308, de 19 de julho de 1977 – que autoriza o Município de Porto Alegre a instituir uma Fundação destinada a promover e desenvolver a Educação Social Comunitária e administrar os Centros de Comunidade e Esportivos e equipamentos similares e dá outras providências –, consolidando a estrutura organizacional da Fundação de Assistência Social e Cidadania (FASC), e dá outras providências.

 

PROC. Nº 3073/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 346/13, de autoria do Ver. Waldir Canal, que inclui a efeméride Dia do Cuidador de Idosos no Calendário de Datas Comemorativas e de Conscientização do Município de Porto Alegre – Lei nº 10.904, de 31 de maio de 2010, e alterações posteriores –, no dia 27 de setembro.

 

PROC. Nº 2549/13 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 033/13, de autoria da Verª Lourdes Sprenger, que inclui art. 13-A na Lei Complementar nº 695, de 1º de junho de 2012 – que institui, no Município de Porto Alegre, o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) –, determinando que o EIV e seus documentos integrantes sejam disponibilizados na internet.

 

PROC. Nº 2718/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 302/13, de autoria do Ver. Marcelo Sgarbossa, que institui área de restrição ao trânsito de veículos automotores na região central do Município de Porto Alegre.

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir a Pauta.

 

(O Ver. Márcio Bins Ely assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, ainda com a emoção das homenagens prestadas aos 70º Aniversário da República do Líbano, iniciamos o período de discussão preliminar de Pauta que ainda agasalha um grande número de projetos de lei que são objeto de propostas do Executivo, do Legislativo; enfim, cerca de mais de 30 projetos que se encontram tramitando. O Ver. Airto Ferronato, com a sua experiência e diligentemente, pede essa alteração, o que implica, de certa maneira, Sr. Presidente, transferirmos o período de Comunicações que estava assinalado para o dia de hoje para a próxima segunda-feira, como consequência dessa inversão, à medida que essa inversão se impõe para que se possa dar prosseguimento à análise especialmente dos projetos que se encontram em 2ª Sessão, entre os quais o projeto de autoria do Ver. Professor Garcia que inclui o evento Feira do Peixe de Belém Novo no Anexo II da Lei nº 10.903, de 31 de maio de 2010 ­– que institui o Calendário de Eventos de Porto Alegre e o Calendário Mensal de Atividades de Porto Alegre. Esse projeto, como os demais: o Ver. Professor Garcia tem mais outro projeto; o Ver. João Derly também, da mesma forma; o Ver. Waldir Canal; e o Ver. Christopher Goulart, com o seu projeto que obriga os teatros e os cinemas a disponibilizarem assentos diferenciados dos demais para as gestantes e para seus acompanhantes – todos esses projetos, Ver. Nereu, são prova do entusiasmo com que os Vereadores estão se dedicando à atividade legislativa nesta legislatura. É bem verdade que, às vezes, não é a quantidade das leis propostas que dão a qualificação à ação parlamentar. E muito mais do que a quantidade, a qualidade dessas leis é o que importa, à medida que elas conseguem satisfazer alguns anseios populares, sensíveis na sociedade como um todo ou em parte da sociedade, que geram esse fato social que o legislador, com sensibilidade, procura colocar na lei.

Mas, de qualquer sorte, Sr. Presidente, nós estamos, hoje, cumprindo essa tarefa. Logo agora que V. Exa., Ver. Márcio Bins Ely, assume o comando dos trabalhos numa prova inquestionável da agilidade das coisas que ocorrem nesta Casa.

Enquanto eu desenvolvia o meu raciocínio, o Presidente Thiago lhe transferiu a presidência, e a Casa se encontra, neste momento, muito bem presidida por este dinâmico Vereador, que é o nosso parceiro de atividade legislativa.

 

O SR. PRESIDENTE (Márcio Bins Ely): Obrigado pela sua generosidade, querido Vice-Presidente da CCJ e Presidente da CPI da Invasão, Ver. Reginaldo Pujol.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Eu fico muito gratificado com essa duplicidade de atuação da sua parte, primeiro, como meu companheiro na CPI da Invasão; segundo, até primeiro na ordem cronológica dos acontecimentos, meu Vice-Presidente na Comissão de Constituição e Justiça. Sr. Presidente, o que eu gostaria de enfatizar nesses segundos que me restam é que nós não podemos abrir uma expectativa de que a grande parte desses projetos possam este ano ainda ser objeto da nossa análise, porque mesmo aqueles que hoje cumprem o segundo dia de pauta, devem agora ser remetidos às comissões e termos o relativo tríduo, com os exames preliminares que ali ocorrem. De qualquer sorte, eu saúdo essa demonstração de entusiasmo dos colegas que compõem esse período legislativo, numa demonstração que esta Câmara de Vereadores se renova e, a cada vez que se renova, reacende ainda mais o seu espírito público de bem servir a comunidade de Porto Alegre. Obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE (Márcio Bins Ely): Obrigado, Ver. Pujol. Devolvo a presidência dos trabalhos ao Ver. Dr. Thiago, e agradeço a oportunidade, mais uma vez, de presidir os trabalhos desta Casa, em nome de V. Exa., Ver. Thiago.

 

(O Ver. Dr. Thiago reassume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): Já solicito a ajuda de V. Exa., nesta promoção do Grêmio Esportivo da Câmara de Porto Alegre – Gecapa, com o apoio do Sindicâmara, da qual vários servidores desta Casa, Vereadores, CCs, profissionais do quadro funcional participaram desse campeonato de xadrez, desenvolvido em duas etapas. Eu gostaria que o representante do Gecapa, o Osório, pudesse nos ajudar na entrega da premiação.

O Sr. Luiz Osório Moro está com a palavra.

 

O SR. LUIZ OSÓRIO MORO: Chamo a Sra. Ana Luiza Z. Godoy, campeã da categoria feminina. (Palmas.); o Ver. Márcio Bins Ely, campeão da categoria iniciante; Sr. Alexandre Correa, quarto lugar da Taça Emanuel Lasker; Sr. Rogério Colpes, terceiro lugar; Roberto Jakubaszko, segundo lugar.

 

O SR. MÁRCIO BINS ELY: Presidente, com muita honra, quero anunciar o nosso campeão da primeira etapa: Luiz Osório Moro – primeiro lugar do torneio aberto, Taça Emanuel Lasker 2013. Parabéns, Osório!

Na segunda etapa: Sr. Luiz Gonzáles, quarto lugar. Peço que o nosso Ver. Ferronato receba em nome do Gonzáles, depois o Gonzáles busca no seu gabinete o troféu. Terceiro lugar, medalha de bronze, mais uma medalha para este Vereador.

 

O SR. DR. THIAGO: Sr. Luiz Osório Moro, segundo lugar; solicito ao Ver. Reginaldo Pujol que faça a entrega ao Osório. E o Campeão, depois de dez anos amargando muitas vezes o segundo lugar, o Sr. Alexandre Correa. Parabéns! (Palmas.)

 

(Procede-se à entrega de medalhas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): A Ver.ª Any Ortiz está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. ANY ORTIZ: Boa-tarde. Em primeiro lugar, parabenizo todos os participantes e os que ficaram em primeiro lugar no campeonato.

Venho aqui ocupar a tribuna para falar sobre dois projetos de lei, de minha autoria, que estão em discussão aqui na Casa. O primeiro deles é o programa de saúde da juventude. Hoje é muito importante a gente falar e ter um espaço maior para programas de saúde da juventude. Nós precisamos avançar e discutir as questões relativas aos direitos dos adolescentes e dos jovens, que hoje são a maioria da nossa população brasileira. Uma das ferramentas que proponho neste projeto é termos uma discussão maior, uma difusão de informações, algumas que já estão acontecendo em nível nacional. Nesse sentido, eu deixo uma pergunta aqui: como os jovens entendem saúde, e não só a saúde do corpo, mas também uma saúde psíquica e social? Por exemplo, a respeito das ações que estão acontecendo em nível nacional, nós tivemos, no mês passado, um seminário sobre saúde da juventude, a saúde reprodutiva e a saúde sexual. Com esse projeto, nós queremos promover um diálogo permanente sobre esses temas fundamentais: alimentação, educação sexual, doenças infectocontagiosas e doenças sexualmente transmissíveis, gravidez, maternidade e paternidade na adolescência. São temas de extrema relevância, pois são adolescentes que, muitas vezes, vivem com os pais e que vão ser pais também. Nós temos que tratar e conversar com os jovens, porque, muitas vezes – e por isso que fiz a pergunta –, o que o jovem entende de saúde, como que ele vê essa complexidade. Então, por meio do debate e de informações... Eu trouxe aqui um exemplo de um site que tem em Portugal, que trata só de saúde da juventude, que é o Portal da Juventude. Então, é esse tipo de discussão que eu quero promover aqui dentro do Município de Porto Alegre para a gente falar da criminalidade. E hoje tivemos um exemplo sensacional, aqui nesta Casa, com o Professor Aloízio, que trouxe um aluno da FASE, contando como ele vê as questões da criminalidade, que o crime não compensa, e também outras oportunidades de crescimento, não só através do crime. Mas isso tem que ser discutido, isso tem que ser passado para esses jovens, que muitas vezes não têm acesso. E, quando a gente fala em ressocialização, como vamos ressocializar quem nunca teve acesso à sociedade?

E trago também um tema de extrema importância que são as drogas, que estão, cada vez mais, atingindo a nossa população mais jovem, e não só os jovens de 17 anos, 18 anos, mas também as crianças, e a gente vê usuários de drogas com 9 anos, com 10 anos já usando e já traficando. Não é, Ver. Pujol? A violência sofrida pela juventude não é só física; ela é também uma violência moral e principalmente uma violência virtual.

E, tratando aqui desses temas e da importância desse projeto, eu vou citar o caso de uma menina que teve a sua vida devassada pelo ex-namorado na Internet, que acabou levando-a à morte uma menina de 16 anos, porque teve suas fotos publicadas. Isso é uma violência muito maior, muitas vezes, do que uma violência física; é uma violência moral, e ela é feita, muitas vezes, através das redes sociais, pois, hoje, qualquer criança tem telefone na mão, um tablet, que tem uma máquina fotográfica embutida, uma câmera filmadora. Esses temas têm que ser tratados com extrema clareza com os nossos jovens e num debate aberto, num debate em que eles também possam colocar o ponto de vista deles.

O comportamento também, o relacionamento familiar, grupal, social e virtual, depressão, bullying e cidadania. Esse é um dos projetos que está em discussão nesta Casa. Eu quero poder discuti-lo e aprofundar esses temas com os senhores.

Também quero falar do meu projeto, que está em 1ª Pauta de discussão, dos uniformes para rede pública municipal. Todos sabem a importância que é um uniforme para o Ensino Fundamental. O Município de Porto Alegre já fornece esses uniformes. O meu projeto não onera e nem traz mais encargos para o Executivo. O meu interesse é que isso se perpetue para os próximos governos, que ele não seja uma ação apenas deste Governo. Os benefícios de um uniforme são incontestáveis, ele ajuda na identificação dos alunos, na padronização, na segurança e evita a discriminação e as diferenças sociais que existem nas escolas, e o que não é menos importante é bom para a economia das famílias.

Gostaria de poder discutir isso com um maior número de Vereadores. São temas importantíssimos para a Cidade que precisamos trazer para dentro desta Casa e traduzir com ações efetivas para no nosso Município. Muito obrigada.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): Quero aproveitar para convidar os Vereadores e a toda a população para o I Fórum de Planejamento Familiar e Combate à Gravidez Indesejada, principalmente na adolescência. Vai ser no dia 10 de dezembro, onde teremos as seguintes presenças: Dr. Rinez da Trindade, Juiz Assessor da Presidência do TJ; Dr. Miguel Velasquez, Coordenador de Apoio Operacional de Direitos Humanos; Dra. Jamile Toledo, Defensora Pública; Dr. Carlos Kremer, Vice-Presidente da OAB; Hospital da PUC, representado pelo Dr. Marcelino Poli; Hospital Presidente Vargas, representado pelo Dr. Marcelo Matias, e Hospital de Clínicas, representado pelo Dr. Paulo Naud. Teremos também a sociedade civil organizada se fazendo presente através do Dr. Fernando Oderich, da ONG Brasil Sem Grades; o Sr. Nelson Francisco dos Santos, da ONG Posso; do SIMERS, através da Dr. Maria Rita de Assis Brasil. Enfim, uma plêiade de palestrantes que muito nos honram com suas presenças. Abertura a partir das 9h30min, no plenário Ana Terra.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, sem prejuízo de reconhecer a relevância da participação da Ver.ª Any Ortiz nesse nosso debate preliminar, expondo os dois projetos que ela realiza e reconhecendo que, de certa maneira, eu terei prejuízo direto, já que aguardei por longo tempo a possibilidade de falar em Comunicações, e que essa oportunidade se daria no dia de hoje, é indiscutível, Sr. Presidente, a inexistência de quórum. V. Exa., ao declarar a inexistência de quórum, que fará com a sua sensibilidade e dinâmica de Presidente, deixe consignado nos Anais da Casa a minha resignação por ter esperado tanto tempo por nada. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): Obrigado, Ver. Reginaldo Pujol. Visivelmente, não há quórum. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 16h29min.)

 

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